terça-feira, 15 de outubro de 2013

RITMO DA PREFEITURA PARA ANTEPROJETO DO PLANO DIRETOR CONSEGUE DESAGRADAR TODOS OS SEGMENTOS

A forma como a Prefeitura vem conduzindo a discussão do Plano Diretor está conseguindo desagradar todos os segmentos organizados da sociedade. Isso ficou claro na reunião organizada pela Associação FloripAmanhã na Câmara de Dirigentes Lojistas de Florianópolis (CDL) nesta segunda-feira, dia 14.

Assim como os representantes dos distritos e das organizações sociais e ambientalistas (em boa parte reunidos na Bancada Popular do Plano Diretor Participativo) vinham denunciando há semanas, também o setor empresarial mostrou-se preocupado e insatisfeito com o cronograma, a metodologia e o conteúdo da proposta da Prefeitura. Um dos grandes problemas é a apresentação incompleta de dados que são fundamentais para compreender e, com base nisso, contribuir-se para o aperfeiçoamento do anteprojeto.

FALTA INFORMAÇÃO

O afastamento, por parte da Prefeitura, do Núcleo Gestor Participativo do Plano Diretor impossibilita que novas contribuições sejam incorporadas. As atuais oficinas nos distritos têm pouca representatividade, porque era no âmbito do Núcleo que as comunidades se articulavam. É absurdo que reuniões dessa importância sejam chamadas, nos distritos e bairros, praticamente no mesmo dia em que acontecem. A prévia divulgação no site da Prefeitura é insuficiente do ponto de vista de mobilização das comunidades. Até agora não apareceu um Plano de Mídia decente e à altura do que representa esse debate.

Além disso, as reuniões e oficinas são mal-instruídas. Não há orientação técnica adequada, as informações e dados técnicos são insuficientes, os mapas são incompletos e muitas dúvidas levantadas pelas comunidades não são esclarecidas. O conjunto dessas dificuldades tem exigido mais reuniões, e o cronograma estabelecido impede esse amadurecimento.

AUDIÊNCIAS ATROPELADAS

Apesar de o Núcleo Gestor ter votado, por ampla maioria, a realização de Audiências Públicas Distritais nas quais seriam aprovadas propostas de macro e micro-zoneamento por região e por distrito, essas Audiências foram atropeladas e nem as Audiências Públicas Regionais, inicialmente propostas pela Prefeitura, foram implementadas. O Executivo insiste, assim, em fazer apenas uma Conferência Municipal e em um único período AINDA NESTA SEMANA (dia 17).

Até agora sequer ficou claro como serão contempladas as propostas que estão aparecendo nas reuniões e oficinas. Há uma insegurança muito grande nas comunidades, porque a Prefeitura não explica se o resultado da discussão será ou não garantido no anteprojeto. Pior do que isso, se não for, por qual critério propostas deixarão de constar no texto.

Uma novidade nesta semana é a preocupação de vários setores com relação a questões de caráter jurídico e técnico. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) apresentou 11 recomendações ao Plano Diretor da Capital (ver em http://www.oab-sc.org.br/noticia/8482). Arquitetos também estão criticando a ausência, no Anteprojeto, de contribuições que estes e outros profissionais vêm apresentando ao projeto nos últimos anos.
Pela proposta da Prefeitura, o Conselho da Cidade, com está proposto, com 100 membros indicados pelo prefeito – e não pelas comunidades, como ocorre nas cidades que fizeram ou revisaram seu Plano Diretor - não irá permitir que a população de Florianópolis de fato conduza de forma efetiva o futuro da Capital catarinense.

IMPRECISÕES PODEM ATRASAR PROCESSO

A prefeitura também apresentou o anteprojeto aos vereadores nesta segunda-feira, dia 14, e igualmente ficou claro que há muitas dúvidas, somente em parte esclarecidas pelo Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano.

Foram identificadas muitas falhas legais em vários artigos do anteprojeto do Plano Diretor, principalmente no que tange à questão ambiental. Ora, como podemos permitir que uma ilha, com ecossistema tão frágil, possa ter problemas na lei que protegerá seu patrimônio natural? Estas ditas falhas servirão a quem? Sabemos, pelo histórico urbano da cidade, que servirão ao capital imobiliário.

Na pressa de entregar o anteprojeto na Câmara e garantir promessa de campanha, o prefeito Cesar Souza dará um tiro no pé. Está desagradando o movimento social e ambiental, o setor empresarial e o setor técnico. Da forma como o prefeito age, ele abre espaço para o que diz não querer: um anteprojeto impreciso, mal-acabado e que corre o risco, por suas imperfeições, de ficar travado por um período indeterminado no Legislativo.

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